Objetivo
Alertar a sociedade civil ou a quem interessar com informações técnicas e didáticas, sobre SPDA – Sistemas de Proteção contra Descargas Atmosférica de forma a assegurar que as estruturas, serviços e pessoas sejam mantidas em condições seguras com boas práticas na realização de laudos e inspeção de SPDA. Descreveremos perguntas e respostas essenciais com informações técnicas importantes e relevantes na contratação de serviços de laudo inspeção de SPDA.

Introdução
Informações técnicas TOTALMENTE ERRADAS sobre o sistema de proteção contra descargas atmosféricas, vem sendo divulgada abertamente sem conhecimento técnico prévio e especifico, induzindo assim uma grave e falsa ideia de que o sistema para raio implantado na edificação está seguro e em conformidade com a ABNT NBR-5419/2015.
Não podemos deixar de lembrar que o Brasil possui uma das maiores densidades de descargas atmosféricas para terra (Ng) do mundo, variando em média de 6 até 18 descargas atmosféricas Km²/ano, dependendo da região geográfica. Esse índice pode ser consultado no site do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, onde basta somente digitar no campo de pesquisa o endereço ou a latitude e longitude.

Acesse: http://www.inpe.br/webelat/ABNT_NBR5419_Ng/

Associados a altos índices de descargas, deve-se lembrar que o potencial destrutivo de um raio quando atinge uma edificação é extremamente elevado e quando vinculamos a inspeção do sistema de SPDA falho, agravamos os perigos e a exposição a risco de morte de pessoas e danos materiais geralmente de elevado prejuízo de capital.
Como profissional de engenharia elétrica, especialista em laudos e avaliações elétricas, já realizamos inúmeras visitas técnicas em industrias e edifícios onde os laudos SPDA anteriores apresentados a nós, eram basicamente medições de resistência de aterramento, onde eram anexados ART (Anotação de reponsabilidade técnica) junto a CREA sem apontar mais nenhuma informação complementar. Posso afirmar que por experiência, mais de 70 % das edificações industriais e 90 % edifícios comerciais e residenciais possui um SPDA ineficiente e em sua maioria “laudado” por profissional com registro no CREA onde declaram que o sistema está seguro e em total conformidade com a norma.
Visando esclarecer as principais dúvidas técnicas, elaboramos algumas perguntas e respostas sobre SPDA essenciais para conhecimento técnico para contratação serviços de laudos e inspeção de SPDA.

Perguntas e respostas.

– Porque fazer inspeção no SPDA?
O SPDA é composto por sistemas captores, descidas, malhas de aterramento e por medidas de proteção contra surto que podem sofrer alterações físicas quando expostos falhas ou intemperes do tempo podendo apresentar: Oxidações, corrosão, rompimento de cabos e conexões, quedas de elemento fixado a edificação, entre outras falhas e riscos. Uma edificação também pode sofrer uma descarga atmosférica, danificando e a comprometendo o sistema. Um SPDA é extremamente complexo e somente com uma inspeção técnica especializada pode-se afirmar que o sistema está conformidade e seguro. Um SPDA em não conformidade no momento de uma descarga, pode ocorre a queima de equipamentos elétricos, danificar estruturas, guiar a descarga por lugares inseguros e de risco, gerando incêndios, além de perdas de valor econômico elevados e vidas humanas.

– O Laudo e inspeção de SPDA pode ser elaborado e assinado por profissionais com formação técnica ou tecnólogo com registro no CREA?
Não. Somente um engenheiro devidamente habilitado no CREA tem atribuição legal e pode se responsabilizar por um laudo de SPDA. Uma ART (Anotação de Reponsabilidade Técnica) emitida por técnico ou tecnólogo apresentado como “laudo”, não tem validade legal. O responsável pela contratação dos laudos de SPDA também é responsável cível e criminal pelo SPDA.

– Todo Engenheiro é capacitado para elaboração de um laudo de SPDA?
Não. Todo engenheiro eletricista é legalmente habilitado para assinar um laudo de SPDA conforme legislação, porém nem todo engenheiro eletricista está capacitado e detém conhecimentos técnicos suficientes para realizar uma avaliação no sistema de para raio. A pergunta que sempre fazemos é: Você arriscaria fazer uma cirurgia cardíaca com um médico sem especialização, capacitado e experiente para tal função?

– Considerando uma empresa na qual possua seguro geral de sua edificação, em casos de sinistros gerados por descargas atmosféricas, onde o evento gere danos materiais e/ou vida e/ou incêndio, a seguradora pode-se recusar a pagar e ressarcir os danos caso o SPDA esteja em desacordo normativo?
Sim. Realmente é uma informação na qual muitas empresas descobrem depois do sinistro ocorrido. A seguradora pode sim recusar a ressarcir o pagamento de prejuízos se verificado que o SPDA estiver fora das normas técnicas e/ou em mal estado de conservação, mesmo se possuindo um laudo assinado por um profissional habilitado. Um laudo de SPDA deve ser bem elaborado para apontar informações úteis aos clientes sobre a real situação do sistema.

– Quais os critérios devem ser utilizados para dimensionamento de um SPDA?
O dimensionamento de SPDA é extremamente complexa, atualmente utilizamos software de análise de riscos para levantamento, principalmente após a atualização de NBR-5419/2015. Tem inúmeros critérios para dimensionamento de SPDA de forma eficiente, dentre eles deve ser quantificado e levantado quantidade de pessoas que abriga a edificação, tipos de material, máquinas equipamento dentro edificação, sistemas elétricos de proteção, tipo e isolação do piso, localização da estrutura, quantidades de edificações anexas, número de pavimento, largura, comprimento e altura da edificação, presença de alarme de incêndio e/ou presença de brigada de incêndio, risco de pânico para evacuação do local, finalidade à que se destina a edificação, risco de perda de valor econômico, riscos de parada de serviços essenciais (Hospitais, subestações de energia, outros), risco de perda humanas entre outros inúmeros critérios.

– O que deve estas descrito no meu laudo de SPDA?
Deve ser realizado o ensaio de continuidade de sistema estruturais, descrição detalha do sistema, análise de riscos do SPDA, memorial de cálculo de dimensionamento do SPDA, descrição da MPS – Medidas de Proteção contra Surto, inspeção técnicas de conexões, descidas, sistemas captores, malha de aterramento, compatibilização dos projetos executivos, distâncias do sistema conforme classe de risco, fechamento das malhas de aterramento, quantitativo dos elementos e distância de captores, decidas e malhas, objetos metálicos acima da edificação, operação de equipamentos elétricos de proteção contra surto, pontos de corrosão, entre demais inúmeras informações no qual compõe o sistema. Deve ser emitido um relatório técnicos de inspeção apontando a conformidade, não conformidade e recomendações técnicas.

– É obrigatório por norma a medição de resistência de aterramento em SPDA?
Não! Desde 2015 foi retirado o item da norma NBR-5419 na qual exigia ensaio. Considerando uma descarga atmosféricas possui milhões de volts e milhões de amperes atinja uma edificação com SPDA externo implementado conforme norma, a resistência de aterramento de 5, 10, 60, 150 ohms, é irrelevante se considerado o potencial de um raio. Outro fator é de que a medição só poderia ser tomada como real referência se a edificação a ser realizada medição for isolada de outros edifícios vizinhos fora de sua malha, ou seja, quase nunca é possível se ter uma real medição de resistência de aterramento, por isso não é importante e não é mais obrigatório à medição da resistência de aterramento.

– Uma pequena edificação térrea fica ao lado de um edifício com 20 andares que possui SPDA implantado. O Sistema do edifício mais alto protege a minha edificação?
Não! Cada sistema é projetado para proteger o volume ao qual foi instalado. Uma edificação ou objeto mais alto em proximidade pode meramente reduzir a probabilidade, porém não exclui a possibilidade de ser atingida por um raio. Não podemos esquecer também que existe os riscos de descargas em proximidade a sua edificação no qual deve ser adotada outras medidas de controle.

– É obrigatório implanta SPDA em residência unifamiliar?
Depende. Pode ser que por análise de risco considerando a localização geográfica, os riscos possam ser toleráveis, porém, na maioria dos casos é obrigatório. SPDA não é implantado em residências unifamiliares mais por uma questão cultural e por uma ilusão de que os custos são elevados para implantação. Em novas edificações se projetado desde a concepção do projeto o custo não passa de 1 % do custo final total da obra.

– Posso utilizar o telhado metálico da estrutura como sistema captor (Captor natural)?
Sim! Desde que o a telha sendo de metal ou zinco com espessura superior a 0,5 e 0,7 mm respectivamente. Deve ser verificado no local se a infiltração de agua em caso de falha e/ou ponto de aquecimento no ponto de impacto do raio não acarrete em riscos adicionais como incêndio, explosão ou até mesmo perda de produção. Vale salientar que platibandas, pingadouros, guarda corpos metálicos localizado no topo da edificação pode também ser utilizado como captor mediante a técnicas especificas descritas e detalhas em norma.

– Pode-se utilizar os próprios vergalhões estrutural (Vigar e pilares) da edificação como SPDA? É seguro?

Sim! É recomendado sempre que possível utilização dos vergalhões estruturais como sistema natural, pois além de possuir uma excelente eficiência, proporciona uma redução de custos na implantação do SPDA com material e mão de obra. Para implantação SPDA estrutural deve ser entendido inúmeros critérios técnicos específicos de amarrações da estrutura e distancias de implantação do sistema, assim como deve ser realizado ensaios de continuidade na armadura metálica, utilizando micromimetro / miliomimetro durante a execução e na entrega do sistema conforme recomendações e norma.

– Um SPDA instalado externamente em TOTAL conformidade com a norma NBR-5419/2015 garante a proteção de equipamentos elétricos em geral e pessoas abrigados na edificação?
Não. Um dos critérios mais inovadores da última atualização da NBR-5419/2015 é de deve ser feito a implantação de SPDA externos e também de MPS – Medidas de Proteção contra Surto caracterizando SPDA interno, para proteger equipamentos e pessoas. O SPDA externo por si só, protege SOMENTE a edificação, assim equipamentos e pessoas estão passiveis de queima e choque sem MPS ou SPDA externo.

– O que é SPDA interno e para que serve?
O SPDA interno são MPS – Medidas de Proteção contra Surto no qual deve ser implementado em quadros elétricos e sistema de comunicação por meio de cabos metálicos. Todos os quadros elétricos devem possuir DPS – Dispositivo de Proteção contra Surto classe I e/ou classe II coordenados eletricamente para proteger instalações elétricas e pessoas contra descargas elétricas que caiam diretamente ou indiretamente as edificações. Existe também dispositivos de Classe III para equipamentos mais sensíveis à surtos elétricos.

– Qual a periodicidade de laudos de SPDA?
A NBR-5419/2018 determina prazos que variam de 1 a 3 anos, porém outros órgãos de fiscalização como corpo de bombeiros, ministérios do trabalho, algumas leis estaduais e municipais exigem anualmente.

– Aquelas 4 ponteiras disposta na ponta do captor de Franklin, tem alguma função melhorar a atração do raio?
Não! Uma única ponteira ou quatro é indiferente. A disposição e formato dessa ponteira está relacionado a sensação de segurança em visualizar e identificar que tem um para raio instalado no local e não a um critério técnico de se elevar a captação.

– Eu instalando um único captor de Franklin no topo da minha edificação a estrutura a mesma estará protegida?
Não. Um único captor dependendo da sua altura de instalação e localização, protege meramente um raio de 3 metros. É necessário analisar caso a caso e associar várias metodologias de engenharia para implantação.

– Raio pode cair duas vezes no mesmo lugar?
Sim. Até mais que 2, 3, 4, 5 … vezes. Supondo que um raio caia em uma edificação, o SPDA provavelmente não será removido acreditando-se que “Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar”.

Referências

ABNT NBR 5419/2015 – Sistema de proteção contra descargas atmosféricas;

ABNT NBR 5410/2005 – Instalações elétrica de baixa tensão;

MTE NR10- Segurança em serviços de instalações elétricas;